A Editora Diário Oficial de Sergipe (Edise) levou duas autoras para conversar com os leitores no primeiro dia da IV Bienal do Livro de Itabaiana. As convidadas foram as professoras de História Aldenise Cordeiro e Márcia Barbosa, que falaram, respectivamente, dos livros “O Canto do Uirapuru: mulheres no movimento escoteiro” e “Representação de Homossexuais nos Livros Didáticos de História”.
Primeiro, o público da Bienal teve contato com Aldenise Cordeiro, que foi pela primeira vez ao evento. “O Canto do Uirapuru” é resultado da dissertação de mestrado da autora. Na obra, ela apresenta um histórico da condição da mulher no movimento escoteiro em Sergipe, do qual a autora faz parte.
Grade parte do público que visita os estandes da Bienal do Livro é formado por crianças e adolescentes. Durante o bate-papo com Aldenise não foi diferente. Ela tirou dúvidas de vários alunos de escolas do interior de Sergipe a respeito do livro e do movimento escoteiro. Para a autora, uma das formas de incentivar a leitura entre esse público é a educação pelo exemplo. “Não adianta nada você falar ‘leia, leia, leia’ e nunca viram você lendo na vida”.
Aldenise Cordeiro é professora de História da Escola Estadual Professor Lourival Batista, em Simão Dias. Para a sala de aula, ela sempre leva algum livro que, depois, vai parar na biblioteca da escola. Segundo a autora, uma forma de atrair crianças e adolescentes para a literatura é falando de temas próximos porque local tem um poder de atração, disse ela. “Se você conhece, fica mais fácil”.
Assim, obras importantes para a literatura brasileira, como “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, atraem mais os alunos. Quando o autor é trabalhado nas aulas de Aldenise, ela aborda os aspectos da vida do sertanejo e o que tem em comum com a realidade dos estudantes de Simão Dias.
A bienal, para ela, é muito importante porque permite que as pessoas parem para ler um livro. No evento, “eles [estudantes] vão ter contato com vários escritores e livros”. O olhar dos professores e escritores, afirmou Adenilse, precisa estar atento para saber o que atrai os alunos. “O conhecimento não é para mim. Não é para você. É para ser compartilhado”, concluiu.
Debate
Logo após a participação de Adenilse Cordeiro no estande da Edise, a autora e professora Márcia Barbosa pôde discutir com os leitores os temas do livro “Representação de Homossexuais nos Livros Didáticos de História”, que também é resultado da dissertação de mestrado.
Para Márcia, o primeiro incentivo à leitura deve surgir na família. Os pais devem “fazer com que ela [a criança] perceba que a leitura é legal”, afirmou. O papel da escola, para a professora, também deve ser de incentivo. As escolas públicas têm um bom número de livros didáticos graças à distribuição do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), de acordo com a professora. Por outro lado, os livros paradidáticos são mais escassos nas bibliotecas. Os alunos só têm acesso a eles por meio de empréstimos.
Depois de trabalhar só com ensino superior, Márcia Barbosa iniciou a atuação no ensino fundamental há dois anos. Hoje, ela trabalha na Escola Municipal Professor José Augusto Barreto, em Nossa Senhora da Glória. Em sala de aula, ela estimula a leitura entre os alunos por meio da atividades lúdicas e interdisciplinares, como seminários e sessões de filmes.
Um dos motivos para os alunos não terem acesso à literatura é o valor dos livros. “A maioria dos pais pega o dinheiro para se alimentar, por mais que tenha vontade de incentivar os filhos”. Por isso, a professora acha importante ações como a da Edise para diminuir o preço dos livros e, assim, torná-los mais acessíveis. Para ela, aquele aluno que conseguiu juntar dinheiro vai adquirir livros na bienal.